PROJETO CONTA QUE EU CONTO

O projeto “Conta que eu conto” busca aproximar os estudantes do texto literário, em especial memórias literárias, a fim de explorar, além das características do gênero, outras possibilidades tais como a emoção, a criatividade, a intuição, as sensações, o aspecto lúdico e interativo. Além disso, propõe o encontro entre os jovens e destes com outras gerações para ouvir dos mais velhos histórias de vida, culturais ou sociais. Estas podem constituir um importante acervo de memórias e proporcionar aos jovens o resgate de sua identidade cultural bem como a percepção de que o tempo presente, momento sócio-histórico no qual nos situamos, é fruto dos caminhos e percalços do passado. Em outras palavras, conhecer “nossas” histórias significa conhecer a nós mesmos.

Uma outra possibilidade surge neste ponto: a percepção do valor do idoso em nossa sociedade. Uma sociedade que oprime a velhice de múltiplas formas e se apega exageradamente ao moderno e ao que é de consumo. Sufoca as lembranças e desmerece a função social do idoso, fonte de onde jorra a essência da cultura. (CHAUÍ in BOSI: 1994, p. 18)

Perceber jovens tocados ou seduzidos pelas narrativas e personagens das histórias significará uma importante conquista do Colégio Estadual Governador Flávio Marcílio na formação de leitores e de sujeitos mais sensíveis e portadores de múltiplas referências culturais e afetivas.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

PRODUÇÃO TEXTUAL - MEMÓRIAS DE ANTONIO RODRIGUES FILHO



RUSSAS PERDEU, MAS NÃO DEU BRECHA


Desde a minha infância a minha grande paixão foi o esporte. Quando criança já trabalhava, mas sempre arranjava espaço para o futebol que me enchia de satisfação. Lembro-me bem que aos domingos meus pais só me deixavam jogar bola depois de ter ido à missa às 4h da manhã, na igreja matriz. Minha família era cumpridora das doutrinas da igreja e, por isso, a missa do domingo era sagrada.

Na adolescência, passei a estudar no Ginásio Jaguaribano, atual Colégio Estadual Governador Flávio Marcílio, uma das escolas mais antigas da cidade de Russas. Nessa escola, além de me entregar de vez aos treinos para ganhar as competições, que antigamente eram muito mais acirradas, descobri uma segunda paixão. Comecei a ajudar a minha querida professora Dona Naninha que lecionava francês e matemática e graças à oportunidade que ela me deu de ajudá-la nas correções e em outros trabalhos seus, e também por me incentivar a dar aulas no futuro, fez despertar em mim o gosto por lecionar. Naquele tempo, podia sentir a sede de conhecimento que os alunos tinham e por isso decidi que um dia iria ensinar profissionalmente.

Vivi vários episódios engraçados durante a minha trajetória de aluno esportista. Um dos que mais me marcaram aconteceu num campeonato que disputamos em Fortaleza no qual os alunos do Ginásio Jaguaribano e mais algumas alunas do colégio Patronato, atual UNECIM, representaram nossa querida cidade de Russas. As irmãs cordimarianas, que dirigiam o colégio Patronato, só liberaram as meninas para jogar com uma condição: os shorts teriam que ser abaixo do joelho.

Durante o deslocamento para o local onde seria realizado o campeonato, permanecemos ansiosos para entrarmos em campo. No evento, fizemos o melhor que podíamos. Algumas equipes ganharam, outras perderam. Não lembro bem dos detalhes, mas uma coisa não esquecerei. Embora as meninas do Patronato não tenham tido um bom resultado no jogo, fizeram tanto sucesso que foram manchete no jornal de Fortaleza. A Tribuna do Ceará publicou o seguinte: “Russas perdeu, mas não deu brecha”. Foi muito engraçado!!

Muitos campeonatos aconteceram depois desse e participei de todos os que pude. Até terminar o curso que hoje equivaleria ao ensino médio, joguei muito e estudei muito mais. Devido ao meu esforço fui aprovado no concurso do Banco Brasil. Lá trabalhei por muitos anos e adquiri muita experiência, no entanto não me sentia realizado. Nesse período, dava umas aulas no período da noite, mas aquilo não era suficiente para mim. Certo dia, abri mão do emprego de bancário para dedicar-me ao que realmente me fazia feliz: o esporte e a sala de aula.

A partir de então, tudo ganhou cores novas em minha vida. Tive o privilégio de ser nomeado o Primeiro Diretor de Esporte do município e por isso dediquei-me de corpo e alma àquela função. Nesse período, passei a ensinar como professor de educação física e então pude motivar muitos jovens a praticar esporte, desenvolver seus talentos e fazê-los campeões.

Atualmente não leciono mais nessa área. Passei agora a ensinar matemática, matéria que ensinei na adolescência. Sinto saudade dos tempos bons que vivi, mas me sinto feliz e realizado pelas vitórias que obtive em minha vida.


Suelly Cristina da Silva Lima, 3º H.

Texto baseado na entrevista com Antônio Rodrigues Filho, 65 anos,

professor do Colégio Estadual.


2 comentários:

  1. Foi muito interessante ouvir o Toinho, que pena que fiquei pouco tempo na entrevista. Glória

    ResponderExcluir
  2. foi maravilhoso poder entrevistar o "Toinho" .Ele é uma figura.... SUELLY 3"H"

    ResponderExcluir